Muitos cuidadores informais recusam-se a aceitar a realidade da condição da pessoa de quem cuidam. Tentam manter a doença afastada, rejeitando todas as lembranças, incluindo tratamentos médicos e o apoio social. Só quando ocorre uma catástrofe – uma queda grave, confusão repentina ou complicação médica e hospitalização – é que conseguem admitir que a pessoa de quem cuidam tem um problema para o qual é necessária ajuda.
Contudo, os cuidadores que conseguem aceitar o curso da doença destes indivíduos, aprendem a lidar com os vários desafios impostos, e aproveitam melhor o tempo que ainda têm um com o outro, sendo mais capazes de enfrentar o futuro. Como se consegue atingir este nível de flexibilidade e de adaptação?
Muitos cuidadores acreditam veementemente que permanecer sempre positivos é a melhor maneira de prevenir os efeitos da doença do indivíduo. Recusam-se a ter mais pensamentos negativos, como se pudessem ser potencialmente prejudiciais. Contudo, o positivismo que não tem uma base real é uma auto-desilusão, impedindo o cuidador e o indivíduo de percorrerem etapas necessárias para enfrentar os desafios do cuidar. Apesar de poder resultar em felicidade a curto prazo, é um perigo a longo prazo.
Da mesma forma, alguns cuidadores acreditam que expressar emoções negativas, como tristeza e preocupação, pode aumentar o stress e a culpa sentida pelos indivíduos e magoá-los. Quando estamos demasiado otimistas, a pessoa de quem cuidamos pode sentir-se proibida de expressar tristeza ou ansiedade. Isto faz com que se sinta mais sozinho na sua condição e nas suas emoções. É melhor para si se expressar os seus sentimentos negativos com ele(a) e, consequentemente, aproximar-se na compaixão.
O desespero define-se como a ausência total de esperança; contudo, este não é o resultado típico da aceitação. Quando consegue refletir, com base em todas as variáveis da condição da pessoa de quem cuida, está a tomar o comando da prestação de cuidados da melhor maneira possível. Podem ser tomadas decisões conscientes e pode resolver os problemas que surgem no dia-a-dia com soluções realistas. Esta situação não diminui a esperança de viver a vida; ela aumenta a esperança real de vivê-la com a melhor qualidade possível.
Viver aceitando que a pessoa de quem cuida está em declínio não minimiza o prazer do tempo que passam juntos, intensifica-o. A importância de ter a consciência da vulnerabilidade da pessoa de quem cuidamos é que vai permitir concentrar-se e tornar o tempo mais precioso. Fazemos o nosso melhor de olhos bem abertos o máximo de tempo possível. Depois disso, resta a estima e tudo o que pudemos fazer por ele(a).